segunda-feira, 25 de junho de 2012

Último barraco do Jardim Edith será demolido.


(BOA SORTE MARÇÃO)


Sobrado resistiu 3 anos por ação de usucapião. Em favela do Brooklin, já viveram 800 famílias

12 de junho de 2012 | 3h 03

ADRIANA FERRAZ - O Estado de S.Paulo

A Prefeitura de São Paulo obteve na Justiça o direito de demolir o último sobrado da extinta favela do Jardim Edite ainda de pé no terreno que abrigou mais de 800 famílias no cruzamento das Avenidas Luís Carlos Berrini e Jornalista Roberto Marinho, no Brooklin, zona sul. Há três anos, todos os barracos, com exceção do imóvel do pipoqueiro José Marcos Carneiro de Santana, foram removidos pelo Município. A área já recebe as obras de um futuro conjunto habitacional, com 242 unidades.

A permanência do imóvel estava assegurada por uma ação de usucapião, que corre na Justiça desde 2003. Em setembro, porém, a área foi considerada pública, o que permitiu ao Estado e à Prefeitura entrarem com pedido de reintegração de posse, concedido no mês passado. Marcão da pipoca, como é conhecido pelos antigos vizinhos, ainda poderá obter uma indenização em dinheiro, mas terá de esperar longe dali.

Segundo a Secretaria Municipal da Habitação, ele deve ser transferido temporariamente com a família para um apartamento no Edifício Senador Feijó, na região da Sé, no centro. A previsão é de que até o fim do ano Marcão possa ocupar um apartamento no futuro conjunto Iguaçú, no Campo Belo, bairro vizinho ao seu endereço atual.

A demolição da casa, que tem 29 metros quadrados e é rodeada por prédios de alto padrão, deve ocorrer nos próximos dias, viabilizando a abertura de uma via e a continuidade das obras de uma das torres. Se oferecerem resistência, os últimos moradores da favela poderão ser retirados à força pela polícia.

Urbanização. Além dos apartamentos, o projeto do Novo Jardim Edite prevê uma creche, um posto de saúde e um restaurante-escola. Duas das três torres de 17 andares já estão erguidas. Haverá oferta de moradias ainda em dois prédios menores, de seis andares cada. As obras, que custarão cerca de R$ 43,3 milhões, têm recursos da Operação Urbana Água Espraiada.

A saída da família Santana e a construção de moradias populares no terreno de 19 mil metros quadrados fazem parte de um projeto maior da Prefeitura, que inclui um túnel de 2,4 km entre a Avenida Jornalista Roberto Marinho e a Rodovia dos Imigrantes, avaliado em R$ 3,7 bilhões. No trajeto, 40 mil moradores de 16 favelas deixarão a área e centenas de casas e lojas e quatro torres sumirão do mapa.

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